Pontos cegos muitas vezes nos impedem de chegar onde queremos. Segue uma história que poderia ser também a sua.
Viviana Torralba
Há 2 anos atrás, me preparava para fazer um workshop sobre liderança feminina, e decidi fazer uma pesquisa sobre empoderamento, entre amigas próximas, que trabalhavam em diversas corporações. Fiz diversas perguntas e o que me chamou mais a atenção sobre este experimento, não foram as respostas a aquelas perguntas. O que mais me chamou a atenção foi a forma na qual todas estas mulheres grandiosas deram suas respostas.
Muitas das participantes se emocionaram, gravaram mensagens de voz para mim, dedicaram seu tempo, escreveram respostas longas e elaboradas. Era evidente que responder sobre este tema tinha um significado especial e importante para cada uma delas. O que me impactou mais ainda, foi que cada uma, respondeu em privado para mim, mesmo quando as perguntas foram lançadas em grupos de amigas muito próximas. Nenhuma teve a coragem de compartilhar com as demais sua opinião. Nenhuma percebeu o valor que sua percepção ou ponto de vista poderia ter, quando compartilhado com as demais. Nenhuma se sentiu confiante o suficiente para expressar sua opinião sobre assuntos que vivem no dia a dia, na pele, nos seus lugares de trabalho.
O que isto realmente nos diz? Por que todas elas fizeram essa escolha? Poderíamos pensar em N motivos. Naquela hora, me esforcei para dar diferentes significados ao que tinha presenciado. Mas o real significado chegou sozinho minutos depois. Não demorou para elas mesmas reconhecerem o que tinha acontecido. Após responderem em privado, muitas voltaram ao chat geral e disseram: “eu respondi em privado porque senti medo de dizer o que eu penso”; “eu também, porque me senti sem graça de falar aqui”; “eu não me senti à vontade de que vocês vissem o que eu pensava”. Uma delas se aventurou a pôr nas suas palavras um toque de humor no sentimento de muitas: “somos bobas, temos vergonha!!!”.
Sabem qual é a maior ironia? As perguntas da pesquisa eram sobre empoderamento feminino para liderança. Resumindo as respostas, incluindo as minhas, dizemos que empoderamento é ter uma voz, é sentir que somos capazes de fazer qualquer coisa; mas muitas vezes, decidimos, cheias de medo e dúvida, nos afastar do empoderamento, da liderança e dos holofotes. Dizemos que o que nos empodera é sermos reconhecidas, mas não nos arriscamos a compartilhar o que pensamos. Como podemos chegar a cargos de liderança se não temos a confiança suficiente para expor uma ideia em um grupo de amigas? Este exemplo é o reflexo do que acontece nas carreiras e na vida pessoal da maioria das entrevistadas. Facilmente, este reflexo pode se relacionar diretamente com o baixo número de mulheres que chegam a cargos de liderança.
Para chegar ao topo, precisamos nos desfazer de hábitos que só nos freiam. Temos que passar a acreditar em nós mesmas. Não temos nada de que nos envergonhar. Pelo contrário, devemos nos sentirmos orgulhosas e capazes de expressar nossa opinião sem medo de julgamentos. Precisamos ser mais flexíveis e nos permitirmos errar, sejamos criticadas ou elogiadas. Quantas coisas poderiam mudar se desenvolvêssemos este tipo de hábitos? Como seria nossa organização ou nosso lugar de trabalho, transformado por nossas ideias? Dá trabalho mudar um hábito? Com certeza! Isto não acontece de forma espontânea. Passamos grande parte da nossa vida praticando o oposto, praticamos o medo, a autocritica e o silencio. E quem pode mudar isso? Somente nós mesmas. A consciência é o primeiro passo. Para achar o “como fazer?”, existem mil formas, recursos, ferramentas e informação. Para começar: é só tomar a decisão.
O que lhe impede de exercer sua liderança?
Conhece alguém que possa se beneficiar deste artigo? Compartilhe!
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